domingo, 14 de outubro de 2012


Profecias de Bandarra

 I                                                            IX
Como nas Alcaçarias                             Também sei algo brunir
Andam os couros as voltas,                  Quaisquer laços de lavores,
Assim vejo grandes revoltas                 Bacharéis, procuradores
Agora nas Cleresias.                             Ai vai o perseguir.

II                                                           X
Porque usam de Simonias                     E quando vão pedir
E adoram os dinheiros,                         Conselho os demandões,
As Igrejas, pardieiros,                         Como lhes falta os tostões,
Os corporais por mais vias                   Não os querem mais ouvir.

III                                                         XI
O sumagre com a cal                            Há-de ser bem assentada
Faz os couros ser mociços,                  A obra dos chapins largos,              
Ah! quantos há maus noviços              A linhagem dos fidalgos
Nessa Ordem Episcopal.                       Por dinheiro é trocada.

IV                                                          XII
porque vai de mal a mal                       Vejo tanta misturada
Sem ordem nem regimento,                 Sem haver mestre que mande;
Quebrantam o mandamento,               Como quereis, que a cura ande,          
Cumprem o mais venial.                       Se a ferida esta danada ?

V                                                          XIII
Também sou oficial                              tenho uma gentil sovela,
Sei um pouco de cortiça                     Com que coso mui direito:
Não vejo fazer justiça                        Se a mulher não desse jeito,
A todo o mundo em geral                   Não olhariam para ela.

VI                                                       XIV
Que agora a cada qual                      Em que seja uma donzela
Sem letras fazem Doutores,              Nobre casta e oradora
Vejo muitos julgadores,                     Ela e a causadora,
Que não sabem bem, nem mal.         Do que acontecer por ela.

VII                                                      XV
Borzeguins par calçar                        Sei também mui bem coser
Hão-de ser de cordovães.                Uns borzeguins Cordoveses
Notarios, Tabaliães                           Todos os trajos franceses
Tenho o tento em apanhar.              Quem quer os quer já trazer.

VIII                                                    XVI
Vê-los-eis a porfiar                            Os que não têm que comer
Sobre um pobre ceitil,                       fazem trajos mui prezados,
E rapar-vos por um mil                      ficam pobres lazarados
Se vo-los podem rapar.                     por outros enriquecer.

(Continua, sonho primeiro)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

o que as mãos tropeçam

Joao Tala


o que as mãos tropeçam

O meu salário é aquilo que as mãos tropeçam;
é um ganho insatisfeito.
Eis o meu caminho detrás de outro caminho.
Já o meu sonho é ganhar a época.
Repito o salário aquilo que as mãos tropeçam
destrocam-me o dilema em miúdos.
Hoje tenho tão só de ouvir o tempo com
as orelhas no esquecimento.
E canto como era a boca sem povo.
É este o caminho que não foi escutado.

Sabedoria


Debalde-se o indivíduo de cerne
com audácia e faze-me cisar á
teodiceia da sabedoria e da inteligência.

Incentivo

Da terra da Acácia eu 
escrevo ao mesmo 
tempo não sei se devo,
mas já renúnciei 
o meu relevo.

A mente despertar é o
meu objetivo e, o 
pranto sobre o meu
povo é o meu incentivo.

Saudade

A saudade leva-me 
para junto da minha
metade

Na correnteza dos ventos
repletos de vida,além
do horizonte nada
mais vejo se não
verdade...

Na emensidão do
azul que reveste
o planeta,só o teu
amor para alimentar

a minha caridade
longe daquilo á que

se chama ansiedade
pela tua identidade
quando no horizonte
só vejo a tua beldade

Sensações

Ponha o teu caláfrio
no meu epícentro

Chiiiiii,balbucio para
aqui não é chamado

Faça do teu recanto
recatado o meu
reboliço

para que reboce
o teu rebordo

Silhueta cósmica
hhum,disparos
direcionados
ao teu sino...

Astúlticia serpen-
tiada de audácia
serena

Fúria em focu tritu-
rada em suspiro...

donde á caverna
térmica escorrem
as correntes térmicas